Fisiologia Pós Colheita
A Embrapa Instrumentação por meio de pesquisas na área de fisiologia pós-colheita coordenadas pelo pesquisador Dr. Adonai Gimenez Calbo desenvolveu uma linha de pesquisa, da qual derivaram diversos equipamentos e ferramentas baseadas em fisiologia vegetal aplicadas a agricultura, em especial para irrigação e pós-colheita. Para monitoramento de irrigação destaca-se o Irrigás e em pós-colheita o Wiltmeter e o Turgometer. O Dr. Adonai faleceu em 2018 deixando uma vasta produção nesta área. Para aqueles que se interessam pelo tema, neste site o livro Instrumentação Pós-Colheita em Frutas e Hortaliças, traz no capítulo 1 – Fisiologia pós-colheita – métodos macroscópicos e instrumentos, uma compilação de princípios, métodos e tecnologias desenvolvidas pelo Dr. Adonai. Para maiores informações sobre o Dr. Adonai e seu trabalho acessar abaixo a Seção Adonai G. Calbo, com fotos e vídeo de uma aula prática ministrada no V Curso Tecnologia Pós-Colheita em 2017.
Wiltmeter
Descrição
Pontos Fortes
- Faz a leitura da medida de turgescência com muita rapidez, sem destruir as amostras.
- Instrumento portátil, robusto e de fácil uso.
- Auxilia o manejo de irrigação.
Aplicações
Estágio de Desenvolvimento
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Turgormeter Sensor
Descrição
Pontos Fortes
- Realiza leituras contínuas (não destrutivas) – com sensores fixados nas plantas.
- Leitura rápida – instrumentos estacionários e portáteis.
- Auxilia a automatização da irrigação através do estado hídrico da planta.
Aplicações
Estágio de Desenvolvimento
Saiba Mais
Memorial Adonai Gimenez Calbo
O “Professor Pardal”
Conhecido pelos colegas como “professor Pardal”, Adonai transformava ideias criativas em resultados
Este espaço homenageia e mantém viva a memória do pesquisador Adonai Gimenez Calbo, com a humilde pretensão de retratar parte dos seus feitos e contribuição para a ciência e pesquisa agropecuária.
Uma única empresa na carteira de trabalho…isso, em quase 42 anos de profissão. No Brasil dos tempos modernos, se trata de um fenômeno raro. Mas, para todos os colegas que tiveram o privilégio de conviver com Adonai Gimenez Calbo – o primeiro engenheiro agrônomo na história da Embrapa Instrumentação – isso sempre foi motivo de orgulho.
“Para mim, trabalhar na Embrapa foi um sonho desde o começo, fazer uma contribuição nova para a agricultura e para a sociedade”. Dessa forma, com a humildade peculiar, agradeceu a singela homenagem dos colegas da Unidade realizada dia 9 de fevereiro, quando assinou o papel que – formalmente – rescindiu seu contrato, após 42 anos de trabalho na Embrapa.
Pouco menos de seis meses depois, Adonai faleceu na noite de sexta-feira (27), aos 66 anos de idade, em Brasília, onde estava internado há alguns dias em decorrência de um câncer. O corpo foi cremado em Valparaíso (GO) e suas cinzas deverão ser transportadas para Piracicaba (SP), cidade onde nasceu.
“Uma enorme perda. Excelente profissional, exemplo de ética e cidadania. Foi um privilégio conviver com ele. Um ser humano de valores excepcionais”, comentou o chefe-geral da Embrapa Instrumentação, João Naime.
Da bancada para o campo
Adonai Calbo concluiu o curso de agronomia na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” em 1975 e, já no ano seguinte, foi contratado pela Embrapa e desenvolveu sua dissertação de mestrado na Universidade Federal de Viçosa. Já mestre, foi convidado por um colega para atuar na Embrapa Hortaliças, em Brasília, onde permaneceu entre 1978 e 2005. Nesse período realizou o doutorado em fisiologia vegetal, com concentração em pós-colheita, em Davis (Estados Unidos).
A ligação com a Embrapa Instrumentação se tornou mais forte entre 1991 e 1994 quando permaneceu em São Carlos para o desenvolvimento de um projeto em parceria, anos depois ele retornaria em definitivo para a Unidade, na qual foi o empregado com mais tempo de trabalho na Embrapa. Antes de ingressar na Empresa, ele só havia trabalhado com seu pai. “Certamente tenho muito a agradecer à Embrapa e à Unidade, não é fácil permanecer durante quarenta anos na mesma empresa e ter as oportunidades que tive, aqui e no exterior”, contou em 2016, ao ser homenageado pelos colegas quando completou 40 anos na Embrapa.
Uma das principais marcas de seu trabalho foi o esforço em proteger as soluções tecnológicas e torná-las disponíveis para a sociedade, por meio de empresas do mercado brasileiro e internacional como a Tecnicer (São Carlos – SP), Hidrosense (Jundiaí – SP), R4F (Campinas – SP), Marconi (Piracicaba – SP), Daxta (Pelotas – RS), Growing Fruits (Pouso Alegre – MG), Acqua Vita (Bauru – SP) e Irrometer (Estados Unidos). Nesse período, contabilizou 12 pedidos de patente de invenção; 2 pedidos de modelo de utilidade;1 pedido de certificado de adição, além de 5 famílias de patentes, 4 delas por meio do Tratado de Cooperação de Patentes (PCT) com extensões na Europa, Espanha, Alemanha, EUA, China e Austrália. Obteve 8 concessões de patente no Brasil (carta-patente e/ou deferimentos e algumas no exterior: 3 nos EUA; 1 na Austrália; 2 na China e 2 na Europa (Alemanha e Espanha).
Reconhecimento institucional
Em sua página no Facebook, a Sociedade Brasileira de Fisiologia Vegetal postou uma nota de pesar pelo falecimento do pesquisador: “A Sociedade Brasileira de Fisiologia Vegetal comunica e lamenta profundamente o falecimento de um de seus ilustres fundadores, o pesquisador Adonai Gimenez Calbo, no dia de hoje. O Adonai foi um fisiologista brilhante e muito preocupado com os destinos da Fisiologia no Brasil. Ele participou das primeiras reuniões de fundação da SBFV em agosto de 1986 e fevereiro de 1987 e em fevereiro de 1989 assumiu a recém-criada Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, como seu Editor-Chefe. Ele permaneceu a frente da revista até dezembro de 1999 e seu trabalho garantiu a consolidação da hoje Theoretical and Experimental Plant Physiology (Springer).
A diretoria da SBFV, em nome de seus associados e dos fisiologistas de plantas do Brasil, com muito pesar, lamenta essa perda irreparável para a pesquisa no Brasil. Ao mesmo tempo, manifesta suas profundas condolências aos familiares e amigos. No último Congresso, em setembro de 2017, a SBFV prestou uma justa homenagem ao Adonai por seu relevante trabalho, quando ele se fez presente”.
As homenagens dos amigos
Humilde e sempre discreto, Adonai também foi homenageado em agosto de 2017 durante o 5º Curso de Tecnologia Pós-colheita em Frutas e Hortaliças, em São Carlos, do qual era membro do comitê organizador. Na ocasião, o diretor de Pesquisa & Desenvolvimento, Celso Moretti, recordou o apoio que recebeu do pesquisador.
“O meu primeiro contato com o Adonai foi no concurso da Embrapa, ele estava na minha banca, perguntou sobre volumes gasosos. Depois trabalhamos juntos vários anos na Embrapa Hortaliças, ele me apoiou no laboratório e na orientação de alunos de mestrado e doutorado”, disse.
“O Adonai literalmente salvou a lavoura. Eu estava chegando em Brasília, o salário era baixo, e ele, com esse coração do tamanho do mundo, falou: você pode morar aqui no meu apartamento, você paga só o condomínio, está tudo certo, de vez em quando eu venho te visitar”, lembrou Moretti.
Em fevereiro, ao se desligar da Empresa, Adonai também foi homenageado pelos colegas da Embrapa Instrumentação e teve sua trajetória reconhecida. “Nosso País precisa cada vez mais de gente inteligente, de inovação, não haverá desenvolvimento se não tiver pessoas como o Adonai”, disse o pesquisador e ex-presidente da Embrapa, Silvio Crestana.
O físico lembrou que o doutor em fisiologia de plantas pela conceituada Universidade de Davis (Estados Unidos), ao chegar à Unidade, era conhecido como “professor Pardal”, pois transformava ideias criativas em resultados, de forma simples e compreensível para as pessoas.
A facilidade de Adonai em trocar ideias e “fazer as coisas fluírem” também foi ressaltada durante a homenagem pelo empresário Luis Fernando Porto, da Tecnicer, que há cerca de cinco anos desenvolve parcerias em tecnologias para irrigação com o uso de cerâmica.
“A gente sabe a dificuldade de transformar a pesquisa em produto, principalmente no Brasil; mas o Adonai foi além da ciência, aceitou o desafio e desenvolveu, de forma brilhante, diversos resultados que hoje estão à disposição da sociedade”, lembrou Luiz Mattoso que, enquanto chefe-geral, assinou contratos nacionais e internacionais frutos das soluções por ele desenvolvidas.
“Mas aqui se comemora não somente o sucesso científico e tecnológico, mas da pessoa, do ser humano, sempre gentil nos corredores e nas conversas, que traduziu a forma de fazer as coisas sempre com parceiros, que fundamentou o seu conhecimento numa visão de coletivo”, lembrou o pesquisador Paulo Cruvinel, um dos fundadores da Embrapa Instrumentação.
Após receber um quadro com fotos e o crachá de “Prata da Casa”, em sua última atividade pública na Unidade, Adonai declarou: “a vida de pesquisador não é fácil, a gente não consegue se sentir útil todo dia, os resultados muitas vezes levam anos, mas eu ainda acredito que trabalhar numa instituição como a Embrapa a gente consegue uma solução a mais para a sociedade, produzir algo para o País”.
Edilson Fragalle (MTB 21.837/SP)
Embrapa Instrumentação
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